sexta, 12 abril 2019 23:33

A cafeína e os seus efeitos na saúde física e mental

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A cafeína - a substância psicoativa mais consumida no mundo - é uma substância natural encontrada numa variedade de plantas como nos grãos de café e chocolate e folhas de chá. Esta pode melhorar significativamente o desempenho mental e físico já que consegue afetar células em todo o corpo, incluindo células musculares e cerebrais.

Possui uma estrutura simular à adenosina que, no cérebro, funciona como um inibidor do sistema nervoso central. Para uma célula nervosa, cafeína parece adenosina e, portanto, acaba por ligar-se aos recetores desta. O bloqueio da adenosina causa um estímulo e a glândula pituitária liberta hormonas que indicam às glândulas suprarrenais para produzirem epinefrina. A atividade celular aumenta e os vasos sanguíneos cerebrais contraem. É por isso que a cafeína é utilizada em certos medicamentos para alívio de dores de cabeça.

É absorvida pelo sangue e tecidos corporais em aproximadamente 45 minutos, atinge o pico na corrente sanguínea em 1 hora, onde permanece de 4 a 6 horas. Depois de absorvida pela corrente sanguínea, viaja para o cérebro onde bloqueia o neurotransmissor inibitório de nome adenosina. Quando isto acontece, a quantidade de neurotransmissores como dopamina e norepinefrina aumenta, aumentando também os impulsos dos neurónios, causando um efeito estimulante.

Tem demonstrado que aumenta a produção de calor que ajuda a queimar calorias. Muitos produtos de emagrecimento contêm cafeína. Estudos recentes demonstraram que ingerir cafeína antes do exercício físico exponencia a libertação de gordura, antes e depois do treino, em 30%.

Diversos estudos em humanos mostraram que a cafeína melhora o funcionamento geral do cérebro, incluindo a memória, o humor, níveis de energia, atenção e tempos de reação. Pode também melhorar o desempenho físico, em média, entre 11% e 12%, já que estimula a taxa metabólica entre 3% e 11%, favorecendo a eliminação de gordura por parte das células gordas, disponibilizando como "combustível" ácidos gordos livres, e ainda aumenta o nível de epinefrina (adrenalina) no sangue - a hormona associada à reação "lutar ou fugir" - que prepara o corpo para um esforço físico intenso e aumenta o desempenho. Contém endorfinas que amplia o sentimento de bem-estar. Pode influenciar a ativação dos músculos e a sua resistência, incluindo o número de repetições feitas com um certo peso.

A estimulação do sistema nervoso central por parte da cafeína faz com que os exercícios físicos pareçam envolver menos esforço e dor. Em atividades de alta intensidade pode aumentar a frequência e poder dos movimentos musculares.

Muitos atletas utilizam a cafeína como suplemento. Um estudo realizado demonstrou que 400mg de cafeína aumentou a resistência dos atletas que percorreram 2 a 3.2 km mais que o grupo placebo. Num grupo de ciclistas, a cafeína saiu vencedora comparada a carboidratos e água. Um outro estudo revelou que cafeína e carboidratos, juntos, aumentaram a performance em 9% frente a água, e 4.6% frente aos carboidratos, permitindo pedalar por mais tempo. Numa corrida de 1.500m, os consumidores regulares de café foram 4.2s mais rápidos que os consumidores de descafeínado. O consumo de cafeína permite aos jogadores de basquetebol saltar mais alto, aos halterofilistas levantar mais peso e aos jogadores de ténis e golfe ter mais precisão com a bola.

Alguns estudos revelam um efeito positivo no poder muscular das pernas até 7% mas não tem efeitos nos pequenos grupos musculares e, apesar de positiva em exercícios com bench press, não influencia a força da parte inferior do corpo.

Contudo, parece que os efeitos benéficos diminuem para aqueles que começaram a praticar exercício, que não treinam regularmente ou de todo. Estudos feitos com atletas treinados e inexperientes, de ciclismo e natação, comprovam este facto. A genética também influencia estes efeitos.

Para quem consome, regularmente, café, chá, bebidas energéticas ou chocolate negro, o provável é ter criado uma tolerância à cafeína e, portanto, os benefícios serão menores.

Refrigerantes, chá, chocolate, bebidas energéticas e alguns tipos de medicação contêm cafeína, mas o café é, sem dúvida, a melhor fonte uma vez que também providencia antioxidantes e outros benefícios para a saúde.

Duas chávenas de café podem reduzir dores musculares do pós-treino até 48% e uma chávena de café representa uma ingestão de 1.8 gramas de fibra.

Apesar de um consumo moderado poder aumentar o estado de alerta, o consumo exagerado de cafeína pode interferir no sono - pode aumentar o tempo que leva a adormecer e diminuir o tempo total de sono, especialmente nos idosos -, causar tremores, ansiedade, palpitações e nervosismo e pode exacerbar ataques de pânico. O consumo regular pode tornar-se viciante e quando se pára, pode levar a um sentimento de ressaca que inclui dores de cabeça, cansaço e irritabilidade, mas que geralmente acaba num período de 48 horas.

Mulheres grávidas e pessoas com problemas de ansiedade, insónia e pressão arterial alta devem evitar a cafeína.

Atenção, a cafeína pura é perigosa e o seu consumo descontrolado acarreta riscos fatais.

Ler 2436 vezes Modificado em domingo, 24 maio 2020 15:55
Sara Ribeiro

Redatora Principal

"Tomei o gosto pelas palavras bem cedo.
Encantada por todas as leituras e escritas que passaram e continuam a passar por mim, o meu percurso inevitável em Comunicação guiou-me até aqui.
Continuarei, para sempre, enamorada pelo poder da informação e pela liberdade que ela respira."