"O mundo do futebol francês vai mobilizar-se para poder ajudar financeiramente na reconstrução da catedral, que faz parte do nosso património", afirmou a presidente da Liga Francesa de Futebol (LFF), Nathalie Boy. A presidente da LFF referiu que "a ajuda vai ser coordenada com todos os agentes do futebol francês".
Num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, sobre os resultados da cimeira de líderes da UE da semana passada, os presidentes da assembleia, António Tajani, do Conselho Europeu, Donald Tusk, e da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, iniciaram invariavelmente as suas intervenções com palavras de pesar pelo incêndio da véspera que destruiu parcialmente um dos grandes símbolos de França e da Europa, afirmando-se "feridos no coração".
Apontando que o devastador incêndio é “uma ferida que não vai passar rapidamente”, António Tajani defendeu que “todos se devem empenhar” e avançou com a ideia, que lhe foi proposta por um eurodeputado, “de recolher dinheiro hoje” entre os parlamentares europeus. “Vamos pôr uma caixa no exterior do plenário, podemos pôr o que ganhamos hoje, para enviar uma mensagem de solidariedade (…) Conto convosco. Penso que essa mensagem do Parlamento Europeu vai fazer bem à França, aos franceses e a todos os europeus”, sugeriu.
Por seu lado, Donald Tusk começou por deixar “palavras de conforto e solidariedade” a França, apontando que o fazia “não apenas como presidente do Conselho Europeu, mas também como cidadão de Gdansk, (cidade polaca) 90% destruída e queimada”, durante a II Guerra Mundial, “mas posteriormente reconstruída”. “Vocês também irão reconstruir a vossa catedral. De Estrasburgo, a capital francesa da União Europeia, apelo aos 28 Estados-membros a participarem nesta tarefa. Eu sei que França poderia fazê-lo sozinha, mas o que está aqui em jogo é mais do que ajuda material. O incêndio da catedral de Notre Dame fez-nos voltar a ter noção de que aquilo que nos liga é algo mais importante e mais profundo do que os Tratados. Hoje entendemos melhor o quanto podemos perder, e queremos defendê-lo, juntos”, declarou o dirigente polaco.
Também Jean-Claude Juncker iniciou a sua intervenção afirmando que segunda-feira “foi um dia terrível para todos que amam a França e que amam Paris”, pois o incêndio foi “uma tragédia não apenas arquitetónica”. “Dói no coração. Ontem, uma parte importante da França foi gravemente ferida. A Europa foi ferida, nós fomos feridos, e estamos solidários com os nossos amigos franceses”, disse.
O incêndio que devastou a catedral de Notre-Dame, um dos edifícios icónicos de Paris e da arte gótica, começou na segunda-feira, cerca das 18h50 locais, 17h50 em Portugal, tendo sido declarado extinto pelas autoridades francesas pouco antes das 10h00 de hoje (09h00 em Portugal).
O porta-voz dos bombeiros de Paris, Gabriel Plus, disse que um "fogo violento" se espalhou "muito rapidamente por todo o telhado", em cerca de 1.000 metros quadrados, acrescentando que os serviços de emergência estão atualmente "a examinar o movimento das estruturas e a extinguir os focos residuais" e que centenas de bombeiros vão continuar a trabalhar todo o dia. Os bombeiros anunciaram já que a estrutura está "preservada na sua globalidade", mas não souberam prever a duração do combate às chamas, que envolve dezenas de efetivos.
Vão também ser retiradas algumas obras de arte do local com a ajuda de especialistas.
A Procuradoria de Paris tinha já afirmado que os investigadores estavam a considerar o incêndio como um acidente, referindo que a polícia vai avançar com uma investigação por “destruição involuntária causada pelo fogo”.
No local, na segunda-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o pior tinha sido evitado e prometeu que a catedral do século XII será reconstruída.
A tragédia de Notre-Dame gerou mensagens de pesar e de solidariedade de chefes de Estado e de Governo de vários países, incluindo Portugal, bem como do Vaticano e da Organização das Nações Unidas.
"Majestoso e sublime edifício", como escreveu em 1831 o escritor francês Victor Hugo no seu romance "Notre-Dame de Paris", a catedral foi construída em 1163 e iniciou a função religiosa em 1182.
Fonte: LUSA